Foto:josé alfredo almeida |
«— E de tudo os espelhos são a invenção mais impura.»
Herberto Helder, Poesia toda, Assírio & Alvim, 1996.
A posição dos ponteiros do relógio é apenas
um exercício de repetição – extingue-se o tempo
como se substituem os bolbos nos canteiros da
varanda, convém que o espanto ou o esquecimento,
verso e reverso da mesma realidade, não existam
para que a desolação não se instale e haja para
cada flor uma estação.
Assim, o que te prende é o efeito de espelho
que cada imagem pode ter no contorno oculto
de um instante. A percepção de quem fotografa.
O perfil de uma memória capturado pelo obturador.
O rosto de uma mulher reflectido entre Paris e
Havanna, criando a divisão entre a noite e o dia.
O olhar dessa mulher perdurando no fulgor do
silêncio que, por fim, se instala no poema.
Desfeitas todas as ilusões acumuladas, camada
sobre camada, película sobre película, nada restará
à superfície do espelho. Fragmenta-se, em ti,
a explicação invisível do amor.
Sandra Costa
..Um "AMOR "..intocável..!!
ResponderEliminarFragmentos .."sãos "..por entre a invisibilidade ..
..Essa ..ÚNICA ..ÚNICA !!!