Foto:josé alfredo almeida |
Tão
curta a distância entre solidão e companhia!
Pinheiro talvez amansado. Imponência
descabida, descontextualizada. Longe do seu habitat natural. Não é ali o seu
lugar. Terá fugido de convívio diário com parceiros enfezados ou a regurgitarem
para saquinho de plástico? Terá querido pôr-se a salvo de sanha pirómana,
assassina?
Alguém cobiçará aquela sombra incompacta,
rasgada como roupa de mendigos antigos? Não tem outros atractivos, aquele cibo
de chão verde.
Pinheiro solitário. Estugando as passadas, breve chegaria ao aconchego
de calor vegetal em reunião de parentes afastados. Mas prefere olhar do seu
pedestal as anoréticas vizinhas, presenças quase obrigatórias como guardiães de
repousos eternos. Não no Douro. Os ciprestes, aqui, não cheiram a morte. A
mosto sim, em tempo de vindima. Nas quintas onde foram eleitas, há muito, pela
sua nobre postura, para servirem de recepcionistas a visitas de bom gosto que
encaminham para salões solenes ou para espaços de cerimoniosas e rituais degustações
de vinhos.
M.
Hercília Agarez,
12 de janeiro de 2019
A distância ..que se .."impõe?
ResponderEliminarPinheiro.."encorpado ".!
Seu aroma "bravio..intenso"..!
GOSTEI...