Foto:josé alfredo almeida |
"De João de Araújo Correia, Homem, Médico, Escritor já em tempo disse alguma coisa. Disse-o, para quem me quis ouvir, numa espécie de conferência que proferi, aqui na Régua, em 2 de Abril de 1983. Muita coisa ficou por dizer. Mas, dessa conversa inacabada, guardo eu na memória o abraço amplo, desmedido, que o Dr. João de Araújo Correia me deu, num recanto familiar do seu eremitério, E pareceu-me, até que desde esse dia ficámos mais amigos, se é que a amizade consente outras medidas e emoções.
É que, daí em diante, o nosso convívio foi mais estreito e mais compartilhado. Tanto no terraçozinho que dava para as suas flores, a sua Montanha, nas horas calmas do Verão, como em horas de Inverno, no aconhego de um fogo lareiro, autêntico conciliador, sob o olhar de Camilo, Eça e Herculano.
De tudo isso guardo memória. A memória de um Homem de bem, entroncado em boa cepa, sempre fiel a um código de civismo e de sociabilidade que já não se usa muito por aí. Homem que amou o próximo, a família, o país, o Douro sobremaneira, e o lar, esse lar a que chamava o meu eremitério. E esses amores estão presentes no mundo dos seus livros, nos seus contos e novelas, miscelâneas e conferências, ensaios e poemas, correspondência e notas sertanejas.
(...)
E quase até ao fim conservou uma contagiante jovialidade. Rindo ele, médico que foi de muitas gerações e muitas angústias e rindo eu também, ali à sua cabeceira.
-Sabe...Magalhães...já me custa custa responder às muitas cartas que recebo...Gostava de morrer mais descansado, como morre qualquer pandilha.
Foi esta uma das últimas frases que lhe ouvi."
Manuel Braz Magalhães
...È emocionante ...!!!
ResponderEliminarMemórias preciosas, e afectos que se guardam
ResponderEliminarpara sempre.