Escreveu João de Araújo Correia sobre o comércio local que a Régua "enquanto terra de província, os seus estabelecimentos serão conhecidos pelos nomes dos seus conceituados donos."
Esta sua afirmação remonta a um passado que o escritor vivenciou como um cidadão atento à terra onde nasceu e, se calhar, observou mais como médico estabelecido num consultório aberto numa das ruas principais, na antiga rua de Medreiros.
Pode dizer-se, que esse foi o comércio local ou tradicional da Régua do seu tempo. Desde então, tudo mudou por toda a parte e na cidade da Régua os pequenos e os grandes negócios evoluíram para um outro tipo de lojas modernas e mais apelativas para os novos consumidores ávidos de tudo e de nada.
Não posso, assim, dizer que aquela afirmação do escritor seja válida para compreender o comércio tradicional do nosso tempo.Mas, a verdade seja dita, o comércio na Régua mudou muito, numas coisas para melhor e noutras para para pior, conforme os prismas em que quisermos olhar. As principais lojas não têm um dono, tem investidores de capitais e desconhecidos empreendedores que vendem tudo ou quase tudo em superfícies comerciais.
O comércio tradicional na Régua morreu. Como morreram já os antigos donos das lojas, onde os nossos avós foram fregueses estimados, pelo atendimento personalizado de gente com rosto, um sorriso e atenção especial no preço. Como nós seres mortais, são muito raras as lojas do comércio reguense que sobreviveram ao tempo em que o nosso escritor as celebrizou nos seus escritos. Longevidade no comércio tradicional é um mérito e um sucesso que só alguns alcançam e permanecer no ramo com mais de um século de existência revela uma capacidade extraordinária de aliciar os seus velhos e novos clientes.
No ramo das fazendas, tecidos e outras miudezas, na Régua triunfou a Casa Antão que, ao longo de tanto tempo, resistiu a todas as mudanças e a todas modas e, certamente, a muitas crises económicas e sociais. Do tempo dos antigos donos que lhe deram o nome, existência e prosperidade, pouco ou nada sabemos. Mas, pelo retrato tão preciso da realidade que o escritor nos fez das lojas do seu tempo, podemos ainda recordar as "vozes femininas esganiçadas:
-Senhor Francisquinho, um carro preto nº30.
-Senhor Francisquinho, um tubo de retrós.
-Senhor Francisquinho, uma carta de agulhas."
Podemos ouvir, na memória colectiva, essas vozes femininas e lembrar a figura do comerciante metido num "buraco onde passava horas infinitas à espera do "lá vem um".
E podemos ouvir a voz de um velho comerciante do nosso tempo. A A voz de Heitor Teixeira, o conceituado dono da Casa Antão. Ele que, que hoje celebra 86 anos de vida e, por ele ser a única voz viva - e sempre activa - do comércio tradicional da Régua, que lhe dedicamos uma singela homenagem.
Gostamos de o saudar neste seu aniversário pela sua dedicação permanente a negócio de fazendas e miudezas e, além do mais, pela sua gentileza e simpatia, que verdadeiramente o definem como um comerciante que sabe e gosta de fazer negócio e também o distinguem como um exemplar cidadão reguense.
Como cliente da Casa Antão, tenho de gabar o seu dono, as virtudes do patrão e gerente comercial e, sobretudo, elogiar-lhe a enorme paciência de abrir à Régua - e ao Mundo- as portas de uma loja mais que centenária, onde nenhumas das sua modas - de tecidos e fazendas - nunca passaram de moda.
Hoje, Senhor Heitor, a Régua tem a obrigação de lhe fazer um brinde muito especial.
José Alfredo Almeida
Uma saudação . simples , e com agrado meu , ao,
ResponderEliminarSenhor HEITOR...
Ainda hoje ..eu "entro na sua , LOJA e o cumprimento..com ALEGRIA..
BEM HAJA ...AMIGO MEU DR JOSÈ ALFREDO...
PARABÉNS SENHOR HEITOR É COM MUITO CARINHO QUE O FELICITO E LHE DESEJO MUITOS MAIS ANOS SAUDADES,,,,,
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