Foto:josé alfredo almeida |
Os bancos, a sombra e a vista esperam alguém que ainda não
chegou. Seremos nós? O xisto escuro da coluna que parece prolongar as lajes do
chão suporta o verde-esmeralda da parreira altiva que desafia a esperança. O
sol violento e cruel faz desfocar o horizonte onde se espalham casas semeadas
ao acaso pelos montes. O Rio adivinha-se em sua preguiça majestosa lá em baixo,
escondido desta espera cimeira, casual, ensolarada e congelada no tempo irreal pela
aparente quietude de tudo em volta.
As horas passam e tu não vens. A Vida escorre, em
sobressalto lento, dengoso, impossível, quero agarrar o tempo e não consigo,
tenho saudades de outros lugares mas é este que me prende na sua majestade
sempre presente e sempre inacessível, não consigo entender se é realidade ou
sonho, os bancos puxam-me para uma espera infinda e sem sentido, mas tu virás,
este sítio existe, quem me colocou aqui, este xisto e este verde são sombra das
minhas memórias, do nosso desencontro, estaremos no mesmo tempo?
Um galo canta ainda noite
fechada, talvez confundido pela luz nocturna à beira da qual te escrevo. Tão
longe e tão perto, trago-te comigo na memória evanescente do nosso eterno
desencontro. O Douro é a memória de ti e de mim, ausentes deste local e tão
amorosamente presentes neste reencontro impossível mas tão certo e inevitável.
És xisto negro e austero, ansioso mas arisco, sou verde-esmeralda, esperança,
ligeireza alegre e suave de espera doce e sempre possível. Os bancos são o
convite aberto e infinito, à nossa espera, o sol aguarda com sua carícia
intensa, a sua violência meiga, a sombra promete o seu regaço acolhedor, o
tempo suspendeu todos os relógios, a Vida aguarda-nos. Aqui. Sempre.
Julho 2016
Teresa Pizarro Beleza
Tão "BELO" ..lugar...
ResponderEliminartal qual...o texto..
as palavras...
DELICIOSO...TERNO:::DEMAIS...!!!
A "espera".....mais ...bela..de SEMPRE...!!!
ResponderEliminarTalvez...um AMOR...INESPERADO...LINDO...!!!
E porque não??
O AMOR ....é um"ALIADO."...DA NATUREZA...!!!