Foto:josé alfredo almeida |
Sonha calma, gelada,
Pâmpanos de primavera
universal.
Sonha, numa recôndita
modorra,
Uma aberta desforra
Em vides de tamanho
natural.
Sonha como quem dorme
repousado
Na certeza da seiva e da
razão;
Sonha como quem sabe que o
seu fado
Tem apenas as leis da
ocasião,
Sonha contra as muralhas
altas, ocas,
Que são nuvens de pé sobre
o horizonte:
Porque o céu há-de
abrir-se quando as bocas
Beberem mosto como numa
fonte.
Miguel Torga
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