Desta vez,
finalmente, VAMOS AO DOURO! Mais acertado seria dizer VOLTAMOS ao Douro, uma
vez que já andamos às voltas pelo seu mundo, mas é agora que saímos para o
caudal imenso para onde fluem as vias que já percorremos, água e ferro.
Vamos ao Douro
ele mesmo, a água violenta entretanto parcialmente domada, o trabalho indomável
do homem que criou os socalcos de vinha, o maravilhoso microcosmos adivinhado
que levou ao aparecimento da primeira região demarcada vinhateira do mundo como
tal, em 1756. As suas características e beleza únicas levaram ainda a UNESCO a
torná-la Património da Humanidade em 14 de Dezembro de 2001, como paisagem
cultural.
Vamos ao Douro
de ferro, à sua via de 129 anos a fazer em Dezembro, e que como todas as linhas
férreas nasceu da necessidade de abrir novos caminhos, para além do rio, de
transporte das gentes, acesso e escoamento de produtos, importância acrescida
pela internacionalização. Mas o declínio económico chegou também aqui e, em
1984-85, a Espanha encerra o tráfego ferroviário entre La Fregeneda e Barca
d’Alva e em Portugal é encerrado o troço entre Barca d’Alva e o Pocinho a 18/10/1988.
Os espanhóis mantiveram a linha desativada com categoria de monumento e Bem de
Interesse Cultural, com inspeções regulares, enquanto o troço português foi praticamente
abandonado até agora. Em Espanha foi já prometida a reativação da linha até
Barca d’Alva, em Portugal paira a ameaça de encerramento da Régua ao Pocinho…
Vamos ao Douro
de água e pedra desenhada, ao Côa, onde foi possível desencantar a sensibilidade
e senso suficientes para impedir a construção de uma barragem em favor de umas
gravuras que, em grande número, povoavam as penedias de xisto do vale, também
ele belo e misterioso, constituindo apenas o “maior museu de arte rupestre ao
ar livre” conhecido, datado do Paleolítico superior. Perante dificuldades e
entraves, conseguiu classificar-se o monumento, que viria a ser acolhido pela
UNESCO como Património da Humanidade, considerado “o mais antigo registo
de actividade humana de gravação existente no mundo”. Foi criado o Parque
Arqueológico do Côa e construído o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa,
vocacionado para a investigação, preservação, valorização e divulgação desses
testemunhos e do património, objetivos da Fundação Parque Côa.
O Percurso começa em Foz Tua, viajando de comboio até ao
Pocinho. Aí a linha em uso acaba (ali começava a do Sabor...). Continuaremos a pé desde o Pocinho até à
estação de Foz Côa, e à estrada, onde o transporte nos conduzirá até à vila.
Aí, após o almoço, nos esperará uma visita guiada ao Museu do Côa, uma vez que
a visita às gravuras criaria um cenário incompatível com o formato, duração e
participação do evento. Enalteceremos assim os três patrimónios percorridos,
que bem poderiam ser integrados num só, o Douro uno e indivisível, um conceito
de rede de vias e paisagem, de beleza e equilíbrio ímpares, que não se podem
separar. Para trás deixamos três dessas vias, e parte de outra, perdidas. Com
isto pretendemos também chamar a atenção para o conjunto que se perde e para o
que pode, e deve, ainda ser recuperado!
Palavras ...bem ditas ..e escritas !!!
ResponderEliminarE ainda bem !!!
Talvez --alguém ..ouça , leia e pense ...
Quem pode ..claro está !!!