Foto:josé alfredo almeida |
Parece
salpicado de pétalas de rosas brancas, esse caudal sonolento onde navega um
TORGA. Homenagem dalgum admirador de um homem da região que se não cansou de o
poetar, em prosa e em verso. Para ele era o Doiro: "...o meu rio - porque me orvalha o berço, porque reflecte
a mais bela paisagem que conheço, porque é jovem, porque é uma realidade e um
símbolo português, porque é peninsular". (Diário IX, 1963)
Mas é outro o rio de hoje. A fera que a
tecnologia amansou. O rio que escorraçou os rabelos e os seus arrais. Falta a
este TORGA fluvial a vela quadrada prenha pelo vento, a espadela, lança afiada
rasgando águas endemoninhadas. Influência dos barcos vikings ou pura
coincidência?
Marcas
de uma identidade aburguesada pelo progresso.
Passaram dezasseis anos. Miguel Torga está
em Freixo de Numão - 8 de Dezembro de 1979. E regista, descoroçoado, no Diário XIII:
"O Doiro magro e viril, que ainda não há muito desci de barco
rabelo e de credo na boca, a saltar de
sorvedouro em sorvedouro, ei-lo agora entoirido, manso, paralítico, passeado
numa lancha a vapor, sem sobressaltos de qualquer ordem. Os homens são assim.
Passam a vida a destruir levianamente os cachões onde experimentavam a valentia
e os veleiros em que os venciam, e espanejam-se depois como patos marrecos nas
águas podres da desilusão".
Nesta e noutras matérias, João de Araújo Correia leu pela mesma cartilha...
5 de Outubro de 2015
M.
Hercília Agarez
Doiro...de dois "corações"...?
ResponderEliminar"Doiro.".poema ".
"Doiro".....cintilante.....
beleza ..indescritível..!
Quão,
maravilhosa. ..brilhante ..a fotografia !