Não sei onde nasceu o Dr. Júlio Manso Preto, de quem falei, neste jornal há oito dias. Se alguém souber, fará o favor de mo comunicar.
(...)
Não é preciso que tenha nascido na Régua para figurar no rol de notabilidades locais.Basta que a Régua tenho sido a sua terra adoptiva.
O jurisconsulto deve ter chegado a esta vila em 1869 ou pouco antes.Depreende-se que assim seja de palavras suas, expressas no folheto que publicou naquele ano com o título Duas Palavras Acerca da Régua e Arredores.
Cito o folheto, actualizando a ortografia.Quanto às palavras, significativas de ter chegado à Régua em 69 ou pouco antes,são as finais do folheto.
Rezam assim na ortografia actual:
Hás-de talvez estranhar que, falando-te eu desta vila, te não diga nada dos seus habitantes, da sua índole, carácter, etc.: mas eu te dou a razão do meu silêncio a tal respeito: é que ainda os não conheço bem.
Rezam assim na ortografia actual:
Hás-de talvez estranhar que, falando-te eu desta vila, te não diga nada dos seus habitantes, da sua índole, carácter, etc.: mas eu te dou a razão do meu silêncio a tal respeito: é que ainda os não conheço bem.
Isto, em 31 de Maio de 1869.Mas, em nota apensa ao voluminho, nota d, declara que já conhece melhor o carácter dos habitantes da Régua.Considera-o geralmente honrado. E, quanto à índole dos moradores, tem-na como bondosa e hospitaleira.
Descreve sumariamente a vila, que, nesse tempo, contava dois mil habitantes, era notável somente pelo comércio de vinhos e tinha poucas ruas, algumas com bons edifícios e outros elegantemente construídos. Palavras de autor...
Refere alguns topónimos, hoje extintos, como Fonte Galega e Boavista.Suponho que Fonte Galega corresponde à hoje Quinta do Peso,da família Alves de Sousa, e que a Boavista corresponde à actual rua Serpa Pinto, antes de tapada, ao fundo, por altas casas da rua dos Camilos e de João de Lemos. Se estou em erro, alguém me elucide.
As palavras iniciais do folheto são tristes. Revêem desgosto e desilusões do autor. Mas, todo ele se entusiasma com a beleza dos arredores da Régua. Extasiavam-no as nossas colinas, tapetadas de vinha e polvilhadas de casario branco. Um encanto! E o rio forte, que não tinha segundo? E os sabugueiros em flor? Não há poeta que não os admire. Muito os admirou, com alma poética, o Dr. Manso Preto.
João de Araújo Correia in jornal "O Arrais"
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