Foto:josé alfredo almeida |
Tudo busca, no regaço do rio, a
ternura maternal de embalo quente e dolente. Tudo. Árvores e montes, casas e
pontes. Fixos, quotidianos frequentadores. E móveis, estouvadas, levianas
nuvens. Magras e gordas, do branco ao cinza claro, ao cinza escuro, de
semblante carregado, ameaçador, ao quase preto. Abusam da hospitalidade. Estas.
Quando se dignam descer, em bandos, a baixos terreais. Veem refrescar-se de
bafos de altos sóis. Refrescadas e refasteladas. E traquinas, como miunçalha peguilhenta.
Nuvens. Recheio de
rio calmo. Calmo? Nunca fiando…. É como a gente, o rio. Tem bom e mau. Também
engana os incautos. Também se compraz a pregar partidas. Gosta de proclamar a
sua ainda força, a sua virilidade. Como a gente, como nós, nem sempre faz bem
as digestões. Guloso insaciável, alambaza-se, empanturra-se. E vai daí,
regurgita, com estrondo mal-educado, sulcando margens, meio inconsciente dos
efeitos dos seus maus fígados e estômagos, num salve-se quem puder de que se
não compadece.
Não levemos a
mal, ao rio, excessos que constam do seu código genético. Errar não é só
próprio do homem…
M. Hercília Agarez
Vila Real, 16 de Fevereiro
...Metáforas .."curiosas" doces ..menos doces !!
ResponderEliminar..Mas sim ..um belo "TEXTO" ..que li deliciada !!!
A fotografia ..tem tudo ..a condizer ..pois sim ..pois SIM .!!!
GOSTEI ::GOSTEI ..!!!
Retratos de um rio, em excelente prosa.
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