Parece saída das páginas de figurino
chegado de Paris com as novas tendências da moda. Nessa altura, meninas e
senhoras sujeitavam-se a duas ou três provas, mais alinhavo, menos alfinete,
rodando em frente ao espelho, obedecendo à batuta da modista da terra,
conhecida por "mãos de fada".
A ditadura do prêt-à-porter reformou hábeis mãos. Ficaram para objectos de museu
máquinas de costura, fitas métricas, tesouras afiadas, dedais, chumaços e
entretelas, giz de alfaiate, molas e colchetes e outras miudezas, sem esquecer
os manequins seráficos, de nudez paciente enquanto os não agasalhava obra em
prova.
Teve gosto na escolha do modelo, a
menina-senhora, debruçada no parapeito-camarote, de olhar enigmático, giocondesco. O rigor da requintada toilette não condiz com
uma velada e mal disfarçada melancolia. Que faz ela ali, assim paramentada? Espera
alguém para passeio amoroso? Estende o olhar até ver esse alguém desaparecer da
sua rua? E se estiver só a meditar, zangada com uma vida que não lhe consente
sorrisos?
Não desanimes, "menina que estás à
janela" e ouve o meu conselho:
Espera um
amanhã
em que o
destino
te seja
arco-íris.
M.
Hercília Agarez
Vila
Real, 12 de Janeiro de 2018
Interrogações, divagações, mistério
ResponderEliminarQuem era esta mulher?