Foto: josé alfredo almeida |
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
domingo, 30 de agosto de 2015
Vales de silêncio
sábado, 29 de agosto de 2015
Chá das cinco
Postal do verão-12
Gata atenta
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Meninos no rio
UM RIO NERVOSO em dia calmo; geios a desafiar as alturas; "uma
passagem para a outra margem". Imagens de um rio ontem naufragadas por um rio
hoje. Doiro/Douro, a desafiar as penas dos artífices da escrita:
[...] terroso, caudaloso,
insofrido, todo aos cachões e às golfadas, a correr entre viris penedias,
quente de sol e seiva. [...] (Miguel
Torga, DIÁRIO VII).
[...] um velho amigo, um
trabalhador incansável, que me viu nascer e me abandonou de um dia para o
outro. [...] Um rio arcaico, milenário. [...] (João de Araújo Correia, prefácio de RIO MORTO).
MENINOS NO RIO. O fascínio da água. Mar do interior. Para muitos, cenário de brincadeiras,
testemunha do primeiro banho, do primeiro nado. Sorrisos de segurança, de
autonomia, de mãos soltas. Hão-de voltar. Molharão os pezitos na frialdade de poças inofensivas. Tentarão contar os
peixinhos em cardumes velozes.
Um menino vestido à domingo.
Folgariam, nesse dia do Senhor, os arrais heróicos dos barcos rabelos?
28 de Agosto de 2015
M. Hercília Agarez
As sombras de Deus
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Postal do verão-10
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Retrato de um olhar
Foto: josé alfredo almeida |
Amo-te; e o teu corpo dobra-se,
no espelho da memória, à luz
frouxa da lâmpada que nos
esconde. Puxo-te para fora
da moldura: e o teu rosto branco
abre um sorriso de água, e
cais sobre mim, como o
tronco suave da noite, para
que te abrace até de madrugada,
quando o sono te fecha os olhos
e o espelho, vazio, me obriga
a olhar-te no reflexo do poema.
Nuno Júdice
Pedalar na areia
Arte urbana-4
Foto: josé alfredo almeida |
Dorme meu filho
dezenas de mãos femininas trabalham
a atmosfera
onde os namorados pensam
cartazes simples
um por exemplo
minúsculo crustáceo denominado ciclope
por baixo da pele ou entre os músculos
Dorme meu filho
o amor
será
uma arma esquecida
um pano qualquer como um lenço
sobre o gelo das ruas
Mário Cesariny
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Restam as sardinheiras
Foto: josé alfredo almeida |
A vida e a morte. O verde e o negro. Janela túmulo esconde memórias.
Mortas. Enterradas. Aguarda o fim do fim. Assombração. Restos
espectrais. Foram-se as gentes, ficaram os fantasmas. Restam as
sardinheiras, heróicas sobreviventes. Verdes. Vivas. Uma afronta às
ruínas. Um sopro de esperança vegetal. De costas voltadas para o caos.
Negro.
20 de Agosto de 2015
M. Hercília Agarez
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Fotografia iluminada
Foto: josé alfredo almeida |
Tabuaço, na foz do Távora- fim de uma tarde de Agosto.
resta, de Agosto, esta fotografia
iluminada
onde tudo permanece ainda no lugar:
a boca no artifício dos sabores
a lentidão dos açúcares
mãos suadas dissipando pântanos
interiores
pernas brancas, vestido colado ao clima
dessas pernas
o cio vibrante do Astro, por cima
por baixo, umas sandálias
às primeiras evidências outonais
levantaram as esplanadas
Miguel- Manso
Melancolia
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Nobre Missão
Foto: António Teixeira |
Dia Mundial da Fotografia
Uma homenagem a este desconhecido fotografo profissional reguense, dedicado amigo da sua terra e, muito em especial, dos seus bombeiros, a quem ele dedicou esta foto que intitulou simbolicamente de "Nobre Missão" e escreveu no seu verso uma singela e sentida mensagem, a assinalar um feliz ano novo, de respeito, gratidão e de sincero reconhecimento:
"À briosa e benemérita Corporação dos Bombeiros Voluntários da Régua (Minha Terra Natal), com os desejos de um Novo Ano muito feliz na dura missão que ocupam dentro da gloriosa Associação."
Coimbra-1965
António Teixeira
Tecer memórias
Foto: Miguel Guedes |
A eternidade vive nos momentos sem tempo.
As manhãs despertavam em graça.
Como um rastilho espalhavam a luz, numa promessa de mais um dia de intenso calor.
Era Verão.
Lembro-me da minha casa de portadas encostadas, a partir do início da tarde, para se manter fresca.
O cheiro a fumo das trincheiras a arder, da linha do comboio, subia pela rua entrava nas casas.
Por vezes, cheirava a alcatrão e o barulho da máquina, juntamente com o calor entorpecia os sentidos.
Da padaria em frente, ecos, restos de conversas quase murmúrios.
Depois do almoço algumas pessoas faziam a sesta, mesmo que breve.
O rio morno e lânguido, convidava aos banhos, à brincadeira, e os meninos de câmara-de-ar ao pescoço, de cabelos desalinhados e sorriso rasgado, passavam ligeiros à minha porta.
Não me recordo de nenhum rosto.
Mas sei que um pouco da alma de cada um, ficou comigo.
Eram dias de completa felicidade para mim.
Lembro-me de esperar ansiosamente por uma menina minha amiga, que vivia no Porto e ia todos os anos passar uma parte das férias ao Douro, a casa da Avó.
Tardes de sonho. Entre brincadeiras, jogos e conversas soltas e despreocupadas.
O lanche preparado carinhosamente pela Avó, depois, a luz do fim da tarde a cair sobre a quinta...o cheiro do rio a entrar nas narinas, a ocupar a minha memória, tal como o rosto da menina.
Para nunca esquecer.
Das noites de Verão, recordo as vizinhas sentadas à porta de casa, onde sempre corria uma pequena aragem.
Do cão às manchas que apareceu lá na rua, a dormir no passeio.
Dos candeeiros de luzes amarelas.
E do braço apoiado no parapeito da janela do meu Avô, enquanto fumava o seu cachimbo de aroma doce, sentado no seu cadeirão.
De ir dormir sempre em paz, de janelas abertas como se o mundo inteiro fosse um lugar confiável.
A lua inteira no meu quarto.
Recordo as festas da Sra. do Socorro, da espera da procissão na rua dos Camilos.
Das colchas de várias cores debruçadas nas janelas... Da solenidade, fé e alegria no rosto de cada pessoa.
Do cheiro dos "croissants" do Grande Ponto, que a minha tia nos comprava para o lanche.
Era um dia de festa memorável.
Das festa na Alameda, do fogo-de-artifício a cair sobre o rio.
Memórias de outros Verões.
onde muito do passado anda de mão dada com o presente,
e o tempo parece uma ilusão.
Talvez a eternidade seja um lugar dentro de cada um de nós.
Onde tudo vive.
Apesar de grandes intervalos de silêncio.
Ana de Melo
Talvez a eternidade seja um lugar dentro de cada um de nós.
Onde tudo vive.
Apesar de grandes intervalos de silêncio.
Ana de Melo
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